Patriotismo além do peso

A pouco mais de dois meses da Copa do Mundo, achei que teria um bom motivo para comprar roupas e ser feliz. Afinal, preciso de um figurino a caráter para torcer durante os jogos do Brasil. Um verde e amarelo básico. Pois bem, me joguei no shopping.

Qual não foi a surpresa ao entrar nas lojas de departamento em busca de uma blusa com o tradicional nome do meu país e encontrar apenas opções colantes. Todas contornando a cintura à procura de gorduras localizadas. Sim, eu engordei e daí? Mas será que não posso participar dos clássicos churrascos em dias ensolarados de partidas sem explicitar isso?

Entrei na Marisa. Cá pra nós, de mulher pra mulher, havia três modelos graciosos a preços acessíveis. Me empolguei... No provador, nem o tamanho GG me serviu. Assim, serviu, mas incomodou, entende? Não, não estou tão gorda - para os médicos, meu peso é até ideal. Só não quero nada limitando os movimentos.


Da Marisa, fui para a Riachuelo. Lá estavam elas, brilhantes lantejoulas em um tecido tipo cotton. O-D-E-I-O cotton. Nem perdi tempo. Rumei para a Renner. Na Renner, o modelo típico de academia, meio tipo cotton também, ainda por cima era caro. Desci para a C&A, outro modelito clichê de malhação... É impressionante: as coleções nas lojas de departamento não variam nem na concorrência.

Deprimida, me entreguei ao sentimento da obesidade e fui tomar sorvete. Depois, um chopp. Muitas calorias, por fim. Não precisava combinar, mas apenas saciar a gula e relaxar os ânimos. Eis que, no caminho, resolvi fazer uma última tentativa em uma loja que nunca me atrevi a entrar.
Sim, eu fui à OTOCH. Cabisbaixa, para não ser reconhecida, saí de lá com uma sacola escondida na bolsa. Dentro dela, uma blusa amarela com BRASIL escrito em verde, bem soltinha, fresquinha e alegre. O tecido não é dos melhores, mas não marca a barriguinha. Vai durar um jogo e um pórri pelo menos.

Que venham os gols.